Coração Partido - Capítulo 04

Novela escrita por Rafael Sanchez

Baseada na obra do autor Marcos Castelli


Capítulo 04


continuação do capítulo anterior...

Joaquim - Você só pode está brincando com a minha cara, isso não pode ser verdade.

Lucas - E por que não?

Joaquim - Eu não sei, mas tem algo me dizendo que...

Lucas - Você não precisa me responder agora. Eu te dou até amanhã pra você pensar. O chocolate fica pra você.

Lucas sai andando e Joaquim chama por ele.

Joaquim - Lucas. Espera.

Lucas dá uma parada e Joaquim vai até ele.

Joaquim - Eu tenho muito sentimentos por você, e não são sentimentos de amigo. É sentimento de amor mesmo, sabe? Mas eu tenho medo do que as pessoas da cidade podem pensar de você. Até ontem você estava namorando a filha do prefeito e de repente aparece com um menino?

Lucas - E daí? Eu não ligo para o que as pessoas pensam ou vão falar. Eu quero tentar alguma coisa com você. O que custa?

Joaquim - Não custa nada. Eu também quero você.

Lucas pega na mão de Joaquim.

Lucas - Então me dar uma chance?

Joaquim - Vamos com calma, né?

Lucas - Desculpas. (Risos)

Lucas abraça Joaquim. Joaquim fecha os olhos e começa a ventar sobre o seu rosto. No fundo da cena aparece Leone com um sorriso maldoso em seu rosto.

Leone - Pelo jeito o patinho feio já caiu na dele. A Melissa vai adorar saber isso.

CENA 02 - PRAÇA DE VILA-VERDE - EXTERIOR - DIA

Um carro com uma caixa de som sobre o carro passa pela cidade anunciando sobre o evento que vai acontecer na cidade.

Motorista - Ora, ora. Finalmente o espetáculo mais famoso do Brasil vai chegar na cidade de Vila-Verde. É isso mesmo. Eu estou falando do Circo do Pato Branco...

Tadeu que passa pela rua escuta o anunciado e começa a rir.

Tadeu - Espetáculo do Pato Branco. (Risada). Fala sério, é por isso que essa cidade não evolui.

CENA 03 - ESCOLA DOM PEDRO II - PÁTIO - INTERIOR - DIA

Melissa está saindo do banheiro e ver Lucas passando sozinho pelo o corredor. Ela se esconde atrás da parede e espera ele passar. Lucas entra dentro do banheiro e Melissa vai atrás e agarra ele pelas costa.

Lucas - Que susto!

Melissa - Se assustando com sua própria namorada? Fico triste com isso.

Lucas - O que você quer, Melissa? Já não basta o que eu vou ter que fazer por sua causa.

Melissa - Minha causa? Por causa da gente meu amor. E eu não sei porque você está todo nervosinho, depois que começou a andar com aquele feio ficou cheio de frescura.

Lucas vira e fica frente à frente com Melissa.

Lucas - Eu só quero entender qual é o seu plano?

Melissa - Você só vai saber na hora certa, e e agora não é a hora certa.

Lucas - Olha lá o que você está aprontando, Melissa.

Melissa - Eu estou morrendo de saudades do meu amor, dessa sua boca, do seu corpo.

Lucas - Aqui não, Melissa. Alguém pode entrar no banheiro e nos ver.

Melissa - Não tem ninguém mais na sala de aula, só está nós dois aqui no banheiro.

Lucas - Você tem certeza?

Melissa - Eu sempre tenho certeza. Vamos parar de perder tempo e me dar um beijo.

Lucas beija Melissa. A câmera desfoca os dois e corta para dentro da cabine do banheiro com Bruna sentada no vaso escutando tudo.

NO PATIO DA ESCOLA...

Nicolas está sentado no banco com uma bandeja com hambúrguer e refrigerante. Joaquim parece meio preocupado e vai se aproximando de Nicolas.

Joaquim - Oi.

Nicolas para de comer e olha para Joaquim e sorri.

Joaquim - Você viu a Bruna? Já tem um tempo que ela disse que iria ao banheiro, mas até agora não voltou.

Nicolas - Senta um pouco aqui, daqui a pouco ela volta.

Joaquim senta ao lado de Nicolas.

Nicolas - Aceita?

Diz Nicolas oferecendo seu lanche para Joaquim. Joaquim recusa balançando a cabeça.

Nicolas - Que bom te ver sozinho, assim temos tempo de se conhecemos melhor.

Joaquim - Verdade. Acho que a gente mal trocou um oi e tudo bem. (Risos)

Nicolas - Ontem eu perguntei por você, mas a Bruna disse que você estava cansado por causa da confusão no coreto da praça.

Joaquim - Eu iria sair com vocês pra tomar sorvete, mas aquela confusão não permitiu, preferi ficar em casa descansando um pouco. Desde que eu cheguei aqui eu não paro, nem conheço a cidade toda.

Nicolas - Eu posso te levar se você quiser.

Joaquim - Sério? Eu adoraria.

Nicolas - Então eu passo na casa da sua avó e vamos então. Vai ser muito legal.

Joaquim - Vai sim, tenho certeza.

Nicolas - Já até sei aonde vou te levar. Gosta de circo? Ele fica no outro lado da cidade, mas não tem problema.

Joaquim - Eita! Eu não tenho dinheiro pra atravessar a cidade.

Nicolas - Sou eu que estou te convidando. Vamos fazer assim, a única coisa que você paga é a pipoca e os refrigerantes.

Joaquim - Tudo bem então.

Nicolas - Sete horas em ponto eu te busco.

Joaquim - Tá bom.

Lucas está saindo da parte interna da escola e ver Joaquim e Nicolas conversando. Joaquim olha para trás e ver Lucas, ele sorri para Lucas. Lucas chama Joaquim com a cabeça e Joaquim se levanta.

Joaquim - Agora eu tenho que ir, tenho um trabalho para fazer com o Lucas. Até mais tarde.

Nicolas - Até.

Close no rosto triste de Nicolas.

CENA 04 - CASA DE OLGA E JÚLIO - SALA - INTERIOR - DIA

Olga está com uma revista de jóias em suas mãos e fica impressionada aos ver as jóias.

Olga - Que coisa mais linda, vai ficar lindas em meu pescoço. Já até vejo a cidade toda me invejando, querendo a mesma jóia do que eu. Mas nunca filha, nunca que alguém daqui dessa cidade terá uma jóia tão barata feita a minha. Essa é exclusiva né?

Júlio desce do quarto todo intelectual, ele pega sua maleta que está no chão. Ele senta na cadeira e abre uma pasta que já estava em sua mão. Olga se levanta com a revista na mão e vai até o Júlio.

Olga - Júlio, meu amor, olha só essa preciosidade de jóia.

Júlio - Deixa eu ver.

Júlio pega a revista das mãos de Olga e abre a revista. Ele arregala os olhos ao ver os preços das jóias.

Júlio - O que é isso?

Olga - São jóias meu amor e eu já comprei três.

Júlio - Três? Você está querendo me falir? Essas jóias custa os olhos da cara. Tem uma mais barata não?

Olga - Para de ser pão duro, Júlio. Eu gostei das jóias e eu vou comprar.

Júlio - Pois compra com o seu dinheiro, eu não vou dar tudo isso em uma simples jóia.

Olga - Mão de vaca. É isso que você é. Que custa comprar um simples presente para sua amada esposa? Aposto que se fosse pra sua mamãe você compraria.

Júlio - Com a mamãe, já é outra coisa né. Mas pra você não, estamos gastando de mais nos últimos dias. E se esqueceu da nossa viagem para Portugal? Esqueceu?

Olga - Não meu filho, eu não esqueci. Mas eu quero a jóia, e eu vou comprar.

Júlio (bravo) - Eu já disse que não. Quando eu falo não é porque é não. E chega desse assunto. Tenho que ir para Brasília e só volto amanhã.

Júlio se levanta e caminha até a porta, ele dá uma parada e olha para Olga que finge que está triste.

Júlio - Nada de jóias.

Júlio abre a porta e sai. Olga vai no sapatinho olhar pela janela e ver Júlio entrando dentro do carro. Rapidamente ela volta para o sofá onde está sentada a vendedora.

Olga - Eu vou levar essas três jóias aqui e bota na conta do prefeito, senhor meu marido. Pois quem vai pagar vai ser ele. Eu cara meu bem.

CENA 05//PRAÇA DE VILA-VERDE//CORETO e SORVETERIA//EXTERIOR//DIA

Melissa está em pé dentro do coreto observando Joaquim e Lucas que estão sentados na sorveteria da cidade.

Melissa - Tenho ódio de ver os dois juntos. Não vejo a hora de tudo isso acabar e eu poder esfregar na cara desse mosca morta que tudo isso não passa de uma armação. Eu não sei até quando eu vou aguentar.

Leone aparece atrás de Melissa.

Leone - Falando sozinha?

Melissa - Eu estou com tanta raiva e odeio daquele mosca morta, que quer o meu namorado.

Leone - Foi você quem jogou o seu namorado para o Joaquim, ele só estava gostando do seu namorado e agora ele vai se apaixonar de verdade.

Melissa - Mas é isso que eu quero, quero que ele se apega no Lucas até o dia do aniversário dele, que eu já tive o prazer de descobri pela direção da escola.

Leone - Tenho pena desse menino, vai ter o coração partido para sempre.

Melissa - Ninguém mandou ele entrar no meu caminho. Qualquer pessoa que entra no meu caminho pra me atrapalhar, eu atropelo sem dó e nem piedade.

NA SORVETERIA...

Joaquim - Eu não estou acreditando que estou tomando sorvete com você.

Lucas - A gente vai fazer muitas coisas juntos.

Joaquim - Posso te falar uma coisa?

Lucas - Claro.

Joaquim - Depois que você me salvou do atropelamento, eu não parei de pensar em você.

Lucas - Posso ser sincero? Eu também não parei de pensar em você. Será que foi o destino?

Joaquim - Se for o destino eu tenho que agradecer muito a ele por ter botado uma pessoa tão boa na vida. Porque antes de vim pra cá eu passei por cada coisa.

Lucas - Pelo que você passou?

Joaquim - Eu não gosto de falar disso para ninguém, mas em você eu posso confiar. Os justiceiros de onde eu morava mataram a minha família, eu fui o único que conseguiu fugir, foi por sorte, eu cair na cachoeira e sair na casa da minha madrinha. Mas a minha irmã não conseguiu se salvar e com minha hipótese, os justiceiros matou ela.

Joaquim começa a chorar. Lucas pega seu lenço e seca as lágrimas dos olhos de Joaquim.

Lucas - Não chora não, você tem que ser forte. Mostra pra sua família que você está feliz, eu tenho certeza que sua mãe não iria gostar de te ver triste.

Joaquim - A minha mãe morreu pra salvar eu e minha irmã. Ela deu a vida dela pra salvar a nossa.

Lucas - Ela foi uma heroína, ela morreu pra salvar vocês. Isso foi um ato de amor verdadeiro. Agora seca essas suas lágrimas e manda essa tristeza embora.

Joaquim - Você está sendo um ótimo amigo, Lucas.

Lucas - Eu já te falei que você pode contar comigo para tudo. Eu gosto de você e não como amigo.

Lucas bota suas mãos em cima das mãos do Joaquim. Close no carro de Cristina que está parado de frente para sorveteria, ela abaixa o vidro do carro e ver Lucas com suas mãos em cima das mãos de Joaquim.

Cristina - O que significa aquilo?

Furiosa, Cristina sai do carro e vai até a sorveteria.

Cristina (brava) - O que é isso Lucas? Que palhaçada é essa?

Cristina tira a mão do Lucas das mãos de Joaquim.

Cristina (brava) - Tira essa sua mão do meu filho agora. E vamos embora, Lucas. Agora.

Lucas levanta da cadeira e vai para dentro do carro.

Cristina - Eu não sei quem você é, mas eu quero você distante do meu filho, está escutando? Você não vai levar o meu filho para outro caminho, meu filho é homem.

Cristina pega o copo que está com sorvete e taca no rosto de Joaquim.

Joaquim - Olha o que você fez.

Cristina - Eu queria fazer uma coisa bem pior.

Cristina sai da sorveteria e entra no seu carro e vai embora.

Joaquim - Que mulher mais doida que já vi em toda a minha vida.

CENA 06 - MANSÃO DE CRISTINA - SALA - INTERIOR - DIA

Cristina e Lucas entram na mansão. Lucas tira sua mochila das costas e joga no sofá, ele senta em seguida. Cristina ainda de pé começa a falar.

Cristina - O que deu em você? Está doido de ficar de mãos dadas com menino?

Lucas - Eu não estava de mãos dadas com ninguém, eu só estava dando apoio para o meu amigo.

Cristina - Não era isso que as pessoas iriam pensar, elas iriam pensar outra coisa.

Lucas - Quer saber, mãe? Dana-se o que as pessoas iriam pensar, ele é só um amigo meu que estava precisando de apoio. Ele acabou de perder os pais.

Cristina - E eu com isso? Eu não conheço ele e muito menos a família. Viu, o porque eu queria ir embora de Vila-verde, por causa dos maus costumes da cidade.

Lucas - O problema não está na cidade ou nas pessoas, está na senhora. A senhora que não aceita como as pessoas são, a senhora é preconceituosa.

Cristina - Você está muito mudado, Lucas. Você está merecendo uma surra.

Lucas - E o que está esperando? Eu não estou mais aguentando a senhora, que saudades que eu sinto do papai.

Lucas sobe chorando para o seu quarto.

Cristina - Lucas. Volta aqui. (Corta para o quarto de Lucas.)

Lucas entra e bate a porta do quarto. Ele para de frente para o espelho e retorna a chorar.

Lucas (chorando) - Eu quero o meu pai.

Anoitece...

CENA 07 - CASA DE OFÉLIA E JAIR - QUARTO DE JOAQUIM - INTERIOR - NOITE

Joaquim está se arrumando para sair com Nicolas. Alguém bate na porta e entra.

Bruna - Oi.

Joaquim - Oi, Bruna.

Bruna - Que bom que te encontrei em casa ainda.

Joaquim - Aconteceu alguma coisa?

Bruna começa a chorar. Joaquim lhe dar um abraço e os dois sentam na cama.

Joaquim - O que aconteceu?

Bruna - Não sei se você sabe, mas eu fiquei uns dias com o irmão do Leone, o Tadeu.

Joaquim - Você não chegou a me contar.

Bruna - Quando eu comecei a sair com ele para ficarmos juntos, ele era super gentil comigo, era um amor de pessoa. Mas depois que eu dormir com ele...

Joaquim interrompe Bruna.

Joaquim - Espera! Você se entregou pra ele, Bruna?

Bruna - Sim, e foi depois disso que ele mudou comigo, não atende mais as minhas ligações e nem olha mais na minha cara.

Joaquim - Ele só queria se aproveitar de você, como não percebeu isso?

Bruna - Eu amo ele, e eu pensei que Ele iria me assumir.

Joaquim - Ele é típico daqueles caras que se aproveitam do amor das pessoas, para se aproveitar e depois fazem sofrem de amor.

Bruna - E o pior é que quando dormimos juntos, a gente não usou preservativo.

Joaquim - Agora eu fiquei chocado, por que amiga? Me explica.

Bruna - Eu acreditei nas lindas declarações de amor dele, nos poemas que ele citava para mim. Eu acreditei no amor que ele não sentia por mim. Eu me entreguei de corpo e alma.

Joaquim - Escuta minha amiga, você pode contar comigo pra tudo que cê precisar, eu estou aqui com você pra tudo.

Bruna - Muito obrigada pelo seu apoio, você é um ótimo amigo.

Bruna deita nas pernas de Joaquim. Joaquim começa a fazer carinho na cabeça de Bruna.

Joaquim (Pensando) - Tomara que não aconteça o que eu estou pensando, se não vai ser o fim do mundo. Uma menina tão jovem e grávida de um garoto tão aproveitador.

Bruna se levanta, ela fica pensativa e se lembra do que iria falar.

Bruna - Eu tenho uma coisa pra te contar, Joaquim.

No fundo da cena escuta-se barulho de bozina e Joaquim vai a janela olhar, ele ver Nicolas dentro do carro com o seu motorista.

Joaquim - É o Nicolas. Amanhã na escola você me conta o que tem para falar. Fica com Deus, amiga.

Joaquim dar um beijo na bochecha de Bruna e sai do quarto.

Bruna - Eu tenho que contar o mais rápido possível pra ele. (Corta)

Joaquim sai de casa com um sorriso no rosto e vai até Nicolas, que está parado de frente para a porta com uma caixa de chocolate na mão.

Nicolas - Você está lindo.

Joaquim - Não minta, eu estou simples. Você que está bonito com essa roupa bacana.

Nicolas - Trouxe essa caixa de chocolate para você.

Nicolas entrega para Joaquim.

Joaquim - Fico agradecido. Eu amo chocolates.

Nicolas - Que bom que você gostou. Agora vamos?

Joaquim - Vamos.

Joaquim e Nicolas entram no carro... Melissa e Priscila que estão indo em direção a praça ver os dois saindo de carro.

Priscila - Você viu aquilo?

Melissa - Será que o meu plano está dando errado?

Priscila - Eu acho que não, eles são amigos.

Melissa - O meu plano não pode da errado, eu tenho que humilhar esse menino.

Priscila - Relaxa amiga, vai dar tudo certo. Você vai ver esse menino ser humilhado.

Melissa - É o que eu mais quero. Ninguém mandou ele gostar do meu namorado. Eu sei que ele é bonito e charmoso, mas ele é só meu.

Priscila - Isso aí amiga, só seu.

Melissa - Agora vamos comprar logo comprar a cartolina que você esqueceu de comprar.

Priscila - Não precisa ficar me lembrando.

Melissa e Priscila saem de cena e close em Bruna que sai da casa dos avós de Joaquim. Ela fecha o portão e sai andando, quando ela está passando perto do coreto, ela ver Tadeu beijando outra garota.

(Instrumental triste começa a tocar)

Bruna - Não acredito no que estou vendo.

Bruna abaixa a sua cabeça e vai embora.

CENA 08 - CIDADE PRINCIPAL - CIRCO - EXTERIOR - NOITE

(Instrumental circo). Na cena se ver várias pessoas chegando ao circo, em seguida chega o carro que leva Joaquim e Nicolas. Joaquim bora a cabeça para fora do carro e fica impressionado ao ver o circo de perto.

Joaquim - Como é grande.

Nicolas - Você ainda não viu nada, por dentro é maior ainda.

O carro para perto da entrada do Circo. Joaquim e Nicolas saem de dentro do carro.

Joaquim - Eu estou muito ansioso, não vejo a hora de ver o espetáculo.

Nicolas - Pelo visto você realmente nunca foi ao circo. A sua reação foi a mesma que a minha quando vim ao circo pela primeira vez, mas o pior de tudo é que eu tinha medo de palhaço.

Joaquim - Eu nunca tive medo de palhaços, porque eu nunca vir um de perto.

Nicolas - Mas hoje você verá. Vamos comprar a pipoca?

Joaquim - Vamos sim.

CENA 09 - CASA DE BRUNA - QUARTO - INTERIOR - NOITE

(Instrumental triste). Bruna entra no seu quarto, com os olhos vermelhos de tanto chorar, ela olha para a cama e ver uma gilete, ela vai até sua cama e pega a gilete.

Bruna - Que raiva, que raiva de mim. Por que você se entregou para ele, Bruna? Por que? Eu acreditei num amor de uma pessoa que nem se quer gostava de mim de verdade, que só queria me levar para cama. Agora eu sou uma adolescente que nenhum homem vai querer casar comigo, porque eu sou uma menina santa.

Bruna fecha os olhos e começa a lembrar de sua primeira vez com Tadeu.

INÍCIO DO PENSAMENTO...

Bruna - Então é hoje que você vai me pedi em casamento?

Tadeu - Que tal a gente fazer uma coisa antes de fazer o pedido oficial?

Bruna - Eu tenho medo, eu ainda sou virgem.

Tadeu - Eu também sou meu amor. E eu me guardei só para você.

Tadeu - Eu te amo minha linda.

Bruna - Eu também te amo.

Bruna deita na cama, Tadeu vai tirando a saia de Bruna aos poucos e deixa ela só de calcinha. Depois Tadeu tira toda a sua roupa e fica nu.

Tadeu - Está pronta?

Bruna - Para você, sempre.

FIM DO PENSAMENTO...

Bruna - Falso amor.

Bruna começa a cortar seus pulsos com a gilete, ela começa a gemer de dor no silêncio.

CENA 10 - CASA DE OFÉLIA E JAIR - SALA - INTERIOR - NOITE

Ofélia e Jair estão sentados no sofá conversando...

Ofélia - Joaquim saiu todo próspero hoje, estava tão lindo.

Jair - Sabe que hoje eu andei observando a letra dele nas folhas do caderno e no comportamento também. A letra dele é perfeita e as vezes ele fica tão alegre feito uma menina.

Ofélia - Sabe que eu iria te falar a mesma coisa? Mas preferi não tocar no assunto.

Jair - Eu desconfio que ele seja... qual termo devo utilizar? Desconfio que ele gosta de meninos e não de meninas.

Ofélia - Ai, será? Será que a gente não está se precipitando?

Jair - Talvez não, quem sabe, mas a gente tinha um primo que também gostava de meninos. Mas mesmo ele não sendo um menino normal, ele é o nosso neto.

Ofélia - Ele é normal é sim, ele só não gosta da mesma fruta que você, porque o que você carrega debaixo das pernas, ele também carrega.

Jair - Não seja assanhada, Ofélia. Falando desse assunto uma hora dessas.

Ofélia - Eu sempre fui assanhada, desde os tempos que a gente éramos namorados. E já que só estamos nós dois em casa, poderíamos aproveitar né?

Jair - Aproveitar o que?

Ofélia levanta do sofá e se joga nos braços de Jair.

Ofélia - Para fazer o que a gente não faz a muito tempo.

Ofélia olha para a Câmera e pisca com o olho direito (corta):

CENA 11 - CIDADE PRINCIPAL - CIRCO - INTERIOR - NOITE

Mostra-se cenas do palhaço dançando com várias bolas de plásticos em suas mãos e fazendo palhaçadas. Joaquim e Nicolas começam a rir. Depois entra um homem todo de preto com uma cartola imensa em sua cabeça. Ele entra no palco e pede silêncio para todos.

Mágico cartoleiro - Para quem não me conhece, me chamo cartoleiro, mas podem me chamar de mágico, é isso mesmo, mágico. Sabe por que mágico? Sabe? Porque eu prevejo o futuro de tudos, menos o meu. Para provar o que estou falando a verdade, eu vou chamar um de vocês que está na plateia para vir aqui.

O cartoleiro olha para Joaquim e aponta para ele.

Mágico cartoleiro - É você.

Joaquim - Eu?

Nicolas - Vai lá.

Joaquim se levanta de pressa e sobe no palco.

Mágico cartoleiro - Qual seu nome jovem?

Joaquim - Joaquim.

Mágico cartoleiro - Me dê suas mãos, Joaquim.

Joaquim dá suas mãos para o cartoleiro e o cartoleiro fecha os olhos para sentir a energia de Joaquim.

Mágico cartoleiro - Vejo que sua energia está muito boa. Vejo você correndo pela mata de um lugar que não sei descrever. Também vejo você sendo quase atropelado, mas alguém te salva do atropelamento.

Joaquim - Estou ficando com medo, porque tudo que você falou realmente aconteceu.

Mágico cartoleiro - Vejo amores verdadeiros e falso, mas sinto traição vindo de uma pessoa que você menos espera. Essa pessoa vai te decepcionar tanto que você vai querer vingança contra essa pessoa.

Joaquim fica assustado, Nicolas se levanta de sua cadeira e sobe no palco para retirar Joaquim de lá.

Nicolas - É melhor você parar de falar isso, ele é apenas uma criança, não deveria falar essas coisas para ele. Vamos embora desse circo, Joaquim.

Nicolas puxa Joaquim pelo braço e os dois vão embora. Chegando na parte exterior os dois param e começam a conversar.

Nicolas - Não liga para o que ele falou.

Joaquim - Confesso que fiquei com muito medo, mas tudo que ele disse antes realmente aconteceu. Mas quem será essa pessoa?

Nicolas - Como eu disse, não liga para isso, ele é apenas um cartoleiro de um circo e eu nunca mais volto aqui, meus planos eram te fazer sorri e não ao contrário.

Joaquim - E quem disse que não me fez sorri? Vamos embora.

Nicolas - Como quiser.

CENA 12 - PRAÇA DE VILA-VERDE - CALÇADA DA CASA DE OFÉLIA E JAIR - EXTERIOR - NOITE

Joaquim - A cidade toda já está dormindo, menos a gente, acho que já está meio tarde né?

Nicolas - Não é que está tarde, as pessoas daqui costumam fecharem suas portas bem cedo.

Joaquim - A sim.

Nicolas - Você gostou do passeio?

Joaquim - Eu amei, a noite pra mim foi mágica. Me senti uma criança de cinco anos de idade.

Nicolas - Eu fico muito contente por você ter curtido a noite, eu queria te levar para tomar um sorvete e conhecer um pouco mais da outra parte de Vila-verde, mas depois do circo não tive clima.

Joaquim - Eu entendo, mas quem sabe da próxima vez.

Nicolas levanta o rosto de Joaquim e começa a fazer carinho.

Nicolas - Quando você sorri você fica tão lindo, é um sorriso que eu gosto de ver em você.

Joaquim - Melhor não, Nicolas.

Nicolas - Desde o primeiro dia que eu te vir eu gostei de você, desse seu sorriso e desse seu jeito de ser. Você me faz tão feliz mesmo quando eu estamos distante.

Joaquim - Nicolas.

Nicolas dar um beijo na boca de Joaquim.

(Musica: Além do Arco-íris - Luiza Possi)

Joaquim empurra Nicolas e corre para dentro de casa. Nicolas sorri e entra no carro.

Nicolas - Vamos pra casa.

Motorista liga o carro e corta para o quarto de Joaquim:

Joaquim - O que foi isso?

Sem fôlego, Joaquim começa a sorri.

Joaquim - Que pena que eu vejo ele apenas como amigo.

Amanhece...

CENA 12 - PRAÇA DE VILA-VERDE - RUA - INTERIOR - DIA

Um carro preto e com os vidros fechados estaciona na cidade e desperta a curiosidade de todos. A pessoa abre a porta do carro e bota seu pés para fora. Aos poucos a Câmera vai subindo dos pés a cabeça mostrando o rosto de Lia.

Lia - O que eu vim fazer nessa cidade?

Diz Lia em tom de desprezo e congela.

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